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Cursando Engenharia de Computação na PUC-MG, apaixonado por tecnologias e empreendimentos. Trabalha como desenvolvedor de Hardware, possui um empreendimento como produtor de eventos e investe na bolsa como trader. Adora trocar conhecimentos com pessoas que gostam de investir e ser independentes.

sábado, 31 de julho de 2010

Contratos SWAP e a Falcatrua do Banco Central.


No Brasil as pessoas adoram falar sobre a inflação (desde políticos até a empregada da minha casa), mas são poucos que falam sobre como ganhar dinheiro com a inflação. Existe um tipo de derivativo no mercado brasileiro chamado de Contrato SWAP que foi lançado com um propósito: garantir que alguns ricos continuem ricos mesmo em épocas de inflação (aparentemente até a PF faz vista grossa para isto já que apenas alguns tubarões e o Banco Central sabem operar SWAP). E o mais surpreendente é que este derivativo também garante o lucro nas epócas que a inflação está contida, denominando o SWAP REVERSO.


Estes contratos existem nas outras bolsas do mundo e é basicamente uma especulação sobre dois fatores: a variação de juros CDI versus a valorização da moeda, e o Brasil é único país do mundo cujo Banco Central arbitra com Swaps (como ele controla o juros Selic e o câmbio indiretamente ele controla o mercado de SWAP). Desde 2005 q tem uma máfia formada por alguns poucos especuladores de derivativos montando operações de SWAP simples com o Banco Central, que foi lançada no Brasil pelo ex-presidente do BC Armínio Fraga. Podem dizer o que for dele mas temos que reconhecer que o cara é muito foda, um dos maiores especialistas de derivativos do mundo (já foi até executivo do George Soros). Depois que eu li como funciona SWAP e SWAP reverso entendi claramente a razão do Banco Central insistir em aumentar o juros, desvalorizar o dólar, eles alegam que é para controlar a inflação (de certa forma acaba até sendo), mas o buraco é muito mais embaixo. Ficava perguntando como especuladores estavam apostando em SWAP mesmo sabendo que o adversário era o Banco Central, é como se num jogo de futebol o juiz fosse artilheiro do time adversário... e fiquei de cara: o Banco Central anda arbitrando prejuízos gigantescos no Tesouro Nacional para alimentar o mercado, 2007 não bombou apenas por causa de IPO's, o mercado venceu porque o Tesouro financiou os lucros. O BC perdeu propositalmente para a bolsa subir, foram mais de 8 bilhões por mês de prejuízos, incluindo o financiamento das IPO's.
Meu propósito aqui não é ficar lamentando que o Brasil é isto ou aquilo enquanto o governo limpa meu salário, mas sim entrar no jogo dos que estão ganhando. Quando leio sobre Swap eu enxergo uma nova oportunidade para investimento, e com certeza já tem gente ganhando muita grana com isso... é como aconteceu com o surgimento do mercado de opções, os primeiros que aprenderam a fazer operações estruturadas ganharam rios de dinheiro nos EUA até virar uma modalidade normal no mercado (apesar que no Brasil opções anda é um bicho de sete cabeças para muitos). Com certeza daqui a alguns anos o SWAP vai popularizar, mas por enquanto são poucos os investidores que conhecem, nos próprios fóruns dá pra perceber que é um assunto ainda obscuro e vale muito a pena estudar.
Abaixo vai um pouco sobre a história do Swap no Brasil:
 2007: O ano de records da Bolsa, ano das IPO’s, o ano que mais teve bilionários no Brasil. O que não é divulgado é o rombo de R$47 bilhões no Tesouro Nacional provindo do Banco Central, como se a CVM e a Polícia Federal dessem carta branca ao Departamento de Mercado Aberto do BC, que dentre outras operações cuida do mercado de SWAP’s no Brasil.
          O SWAP é um derivativo normalmente usado para Hedges que consiste em uma “troca” de riscos. Para entender a necessidade de um contrato de swap, cite-se por exemplo uma empresa exportadora, que tem lucros em dólar, mas suas despesas são corrigidas por juros pós-fixados. Nesse caso, a empresa poderia usar um contrato de swap para trocar o "risco cambial" pelo "risco de juros pós-fixado". Uma típica empresa interessada nesse título seria uma varejista importadora, cujas despesas são atreladas ao dólar e cujo caixa está aplicado no mercado (acompanhando assim a evolução dos juros).
Assim, essas duas empresas fazem um contrato de swap entre si, ou através da intermediação de instituição financeira, para trocar uma posição de risco.
O swap de Armínio 
Este sofisticado aparelho especulativo foi introduzido no Brasil pelo ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, um especialista do mercado, altamente treinado junto ao grupo do mega-especulador George Soros, de quem foi executivo. Quando ele introduziu o “swap” no Brasil, pouca gente entendia do assunto. A imprensa praticamente o desconheceu. Os que entenderam mais depressa ficaram ricos.
O balanço é feito e pago diariamente, com referência às variações diárias do câmbio e da taxa média de juros do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que é o instrumento pelo qual os bancos emprestam dinheiro entre si para cobrir (ou aplicar) suas insuficiências (ou saldos) de reservas diárias. Quanto maior a diferença entre uma e outra, maior o ganho ou perda no “swap”. Atenção: a taxa do CDI é influenciada diretamente pela Selic, taxa de juros básica fixada pelo Banco Central; e a taxa de câmbio é indiretamente arbitrada pelo mesmo Banco Central, mediante manipulação das reservas em dólar. Portanto, no Brasil, ganhos e perdas em “swap” são efetivamente controladas pelo Banco Central. Se ele perde, é porque quer perder - naturalmente, em favor de alguém.
          Era um momento em que a desvalorização do dólar tinha disparado em relação à taxa de juros. Uma aposta no “swap” significava ganhos, tanto maiores quanto mais distantes ela ficasse da taxa de juros. Como o Banco Central segurou a taxa de juros, todos os que confiaram na boa e generosa gestão de Armínio Fraga ganharam muito dinheiro com a desvalorização acelerada do câmbio, através de contratos de “swap”.
          É evidente que, se o Banco Central aumentasse a taxa de juros, o câmbio se revalorizaria, levando a perdas, e até quebras no mercado especulativo. O observador ingênuo perguntará: mas não estamos todos de acordo em que a taxa de juros deve ser reduzida? Isso não significa que o BC agiu bem, mantendo as taxas, e vendendo contratos de “swap” para amainar o apetite do mercado por dólares, de forma a conter sua desvalorização?
          Foi justamente nisso que Armínio Fraga fez muita gente boa acreditar. No entanto, a pergunta correta é: como o Banco Central, não apenas do ponto de vista financeiro mas também de um ponto de vista ético, pode vender variação de taxa de juros, se é ele próprio que a controla através da Selic? Como pode vender ou comprar variações do dólar, se é ele que manipula as reservas? Se ele faz isso, e o mercado decide correr o risco, é porque o mercado confia em que o Banco Central vai realizar deliberadamente perdas, para favorecê-lo. Em suma: o BC vai arbitrar o próprio prejuízo.
          O período final de Armínio Fraga, quando fez essa inovação, coincidiu com a campanha presidencial. Diante da ação do Banco Central, havia os perplexos, que não entendiam nada do que estava acontecendo, e os “insiders”, que ganhavam dinheiro calados. Alguns, porém, viram nisso uma conspiração para tumultuar as pretensões de Lula à presidência, em favor do candidato concorrente. Nesse aspecto, não funcionou. Mas o custo para o país foi gigantesco.
          Com o novo Governo, foi necessária uma elevação drástica dos juros para acalmar o mercado, diante de uma inflação em disparada. Com isso, as condições especulativas se inverteram. Daí o generoso Banco Central ter introduzido o “swap reverso”. Agora, o especulador ganha com a alta dos juros e a valorização do câmbio. Mais do que o risco da inflação, que não existe, isso explica melhor o aumento recente dos juros e a continuação da valorização real nesses últimos meses, e principalmente no último.
          Vejamos as contas: em janeiro de 2007, o BC teve prejuízo de 375 milhões de reais em “swaps reversos”; em fevereiro, 256 milhões; em março, 834 milhões; em abril, 370 milhões; em maio, 2 bilhões 436 milhões; em junho, 176 milhões; em julho, 1 bilhão 191 milhões; em agosto, teve um ganho, talvez para despistar, de 1 bilhão 377 milhões; em setembro, nova perda de 2 bilhões 645 milhões; em outubro, perda de 2 bilhões 133 milhões; em novembro, outro ganho de despiste, de 855 milhões; em dezembro, perda de 89 milhões; em janeiro de 2008, perda de 429 milhões; em fevereiro, de 1 bilhão 813 milhões; em março, antes da alta dos juros, ganho de 1 bilhão 363 milhões. Com a alta dos juros, preparem-se.
          Note-se que são perdas gigantescas, contabilizadas aos bilhões, sem, no entanto ter qualquer relação com a economia real. Não existe nenhum investimento, público ou privado, nenhuma geração de emprego fora do mercado especulativo relacionadas com essas operações. É dinheiro dado de graça para o setor privado especulativo - este mesmo setor privado de onde vêm alguns inconseqüentes e candentes apelos para o Governo cortar gastos públicos, como se houvesse  pressão fiscal sobre os juros maior que a pressão de “insiders” vinda desse tipo de especulação.
          O próprio argumento inicial de Armínio para justificar o “swap” ilumina a inconseqüência ou má fé do “swap reverso”. No caso dele, era para segurar o câmbio, ou seja, reverter a desvalorização do real. Agora, por ser “reverso”, é o oposto. Essas operações só servem para forçar a alta dos juros (a desculpa agora é pra não deixar os especuladores terem perdas) e valorizar o câmbio, acumulando um brutal déficit em conta corrente para ser coberto pela conta de capital. O que nos encaminha celeremente para um desastre no balanço de pagamentos, na minha linha do desastre de 1998/99, agora sob as bênçãos da Standard & Poor´s.

O swap reverso de Meireles
Em fevereiro de 2005, o Banco Central, talvez preocupado com as excessivas perdas dos especuladores de mercado em swap cambial, mudou as regras do jogo: de agora em diante, pagaria o aumento dos juros (já em processo de alta) e ganharia a desvalorização do real, na contramão da tendência de sua valorização - no que se convencionou chamar de swap reverso. Tecnicamente, o Banco assumia a posição de vendedor, passiva em juros, e o mercado assume a posição compradora, passiva em taxa de câmbio + cupom cambial.
De imediato, o Banco aumentou ainda mais a Selic, mas não o suficiente para reverter a valorização do real e as perdas do mercado. É que os contratos são a prazo. Mas, a partir de setembro, o Banco teve de reduzir a Selic consistentemente, sob pressão do sistema produtivo - inclusive porque a inflação tinha cedido. No entanto, dado o elevado patamar dos juros e a continuidade da valorização do real, em 2006, o mercado ganhou e o Banco teve um prejuízo de R$ 5 bilhões 436 milhões em swap reverso; em 2007, de R$ 8 bilhões 812 milhões; em 2008, até março, de mais de R$ 600 milhões. Nessa altura, teve início de novo um processo de aumento de juros, no que resultará em novas perdas para o Banco, em especial se esse aumento refletir-se  numa ainda maior valorização do real.
Observando-se o contexto mais amplo desse processo, desde a instituição do swap simples em 2002, e sua conversão em swap reverso, em 2005, vê-se que o mercado ganha no início, perde numa etapa intermediária e volta a ganhar agora a partir de 2006. Sustemos a análise da etapa intermediária. No início, em plena turbulência da campanha presidencial, o mercado ganha apostando na desvalorização do real e, surpreendentemente, na redução ou estabilidade do câmbio, que só seria elevado, sob pressão do Governo eleito, em 19 de dezembro de 2002. Em retrospecto, houve, na melhor das hipóteses, um tremendo equívoco de política monetária que se converteu em grandes ganhos do mercado especulativo; na pior das hipóteses, essa poderia ser uma operação deliberada, sobretudo quando se considera que, na presidência do Banco, encontrava-se um dos maiores peritos em derivativos.
Na etapa final e atual do processo, e depois de um período intermediário de grandes perdas para o mercado, o Banco Central muda a natureza do contrato de swap, de uma forma em que passou a perder com a valorização do câmbio e a alta dos juros - sendo que ele próprio arbitra a queda dos juros a partir de agosto de 2005. Na melhor das hipóteses, foi uma mudança desastrosa, haja vista os prejuízos incorridos logo à frente. Na pior das hipóteses, pode ter sido uma operação deliberada para “compensar” o mercado pelas perdas do período intermediário.         
Analisemos agora o período intermediário, de altas perdas do mercado. De um ponto de vista estritamente financeiro, considerando-se o Banco Central apenas como uma parte no jogo, ele tinha todo o interesse em vender os contratos, na medida em que a valorização do real (que ele ganhava) tendia a ir adiante da queda da taxa de juros (que ele perdia, mas que era por ele próprio fixada). De qualquer modo, tendo em vista os pontos de partida da taxa de câmbio e da taxa de juros, e tendo presentes a queda da inflação e a rápida elevação do superávit comercial, o Banco tinha a perspectiva de uma posição ganhadora confortável, que durou por três anos, no mínimo.         
Contudo, o que levou o mercado a apostar contra seus próprios interesses, nessas condições? A resposta mais óbvia é: na medida em que uma parte do mercado estava perdendo em swap, por conta da valorização do câmbio, uma outra, muito mais influente na ideologia geral da sociedade, estava ganhando fabulosamente em termos patrimoniais, a partir das mesmas condições. Os contratos de swap, nesse caso, eram uma forma de minimizar perdas, se a situação se invertesse; contudo, o efeito da valorização do câmbio sobre empresas altamente endividadas em dólar foi tão grande que, em muitos casos, pode ter mais do que compensado as perdas em swap - o que explica o intrigante silêncio do mercado em relação a tais perdas.       
Isso tornou parte da mídia brasileira aliada indissociável da política de valorização do câmbio. Se o mercado especulativo estava na outra ponta, apostando na desvalorização, pior para ele. Ou, simplesmente, eram operações de hedge que se cobriam, como dito acima, pelo próprio efeito da valorização do câmbio. No início de 2005, é possível que os estrategistas financeiros de dentro e de fora do Banco Central tenham compreendido que era hora de mudar de lado, na expectativa de que a política de valorização do real continue. Efetivamente, mudaram. E são essas as condições atuais, de grandes ganhos para o mercado na medida em que a taxa de juros é puxada para cima sem maiores justificativas econômicas.
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          Finalmente, cabe esclarecer que as operações de “swap” são oriundas do mercado especulativo privado norte-americano, e não me consta que sejam praticadas pelo FED, o banco central deles, ou qualquer outro banco central do mundo. Se o fosse, ante evidências de perdas sistemáticas do setor público, seus dirigentes correriam o risco de um processo criminal. É que são puro jogo do mercado privado, com operações nascidas e desenvolvidas dentro dele, a partir de especulações sobre o que o banco central fará com a taxa de juros e como se comportará o câmbio. Jamais uma operação desse tipo, como dito, poderia ser feita por um banco central, na medida em que ele comanda as taxas de juros e de câmbio, e pode avisar previamente de suas decisões aos amigos. Neste caso, não é um jogo. É uma dádiva. E assim parece ter sido com o ex-presidente do Banco Central, Francisco Lopes, de que resultaram as imensas perdas (porém bem inferiores às atuais) com “swap cambial” em favor dos bancos Marka e Fonte Cidam, o que rendeu um processo judicial ainda em curso.


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